New Wave e synthpop nunca testemunharam texturas tão luxuosas.
Save a Prayer é uma balada dolorosamente bonita e genuinamente em comovente sobre a aceitação relutante da realidade de paixões que ardem tão intensamente quanto são breves. Em 1982, a revolução sexual dos anos 60 já tinham perdido seu contexto libertário, e o mundo já estava habituado a “one night stands”, em Save a Prayer, Simon Le Bon aborda a questão sentimental por trás destes casos de uma maneira que é realista, sem ser cínica, e empática, sem ser melosa.
A música, lançada como terceiro single do segundo álbum da banda, Rio, foge um pouco do padrão das músicas do Duran Duran a época, sendo a primeira balada lançada como um single. Save a Prayer inicia com um riff sintetizado etéreo que percorre a faixa do início ao fim e é instantaneamente reconhecido pelos fãs. A exceção do baixo de Roger Taylor, como sempre melódico, mas contido no ritmo, os demais instrumentos ficam contidos no fundo deixando as camadas de sintetizadores de Nick Rhodes e os vocais de Le Bon criarem uma atmosfera quase de sonho, se contrapondo ao frases finais das duas primeiras estrofes, salpicando sutilmente a tensão sexual (“All alone ain't much fun so you're looking for the thrill”) e o desejo pelo desconhecido (Take a chance like all dreamers can't find another way).
O grupo habilmente traz a música ao seu clímax ainda no final do segundo refrão, alterando o ritmo da antes do final do mesmo, com a bateria entrando forte e o baixo ganhando ritmo. O vocal, transparecendo o tema da música, começa mostrar um tom mais nervoso, para arrematar a estrofe final com a reflexão de como encarar a realidade apresentada decidindo entre a dor e o prazer (And you wanted to dance so I asked you to dance / But fear is in your soul /Some people call it a one night stand but we can call it Paradise).
A música poderia terminar neste clima, apenas repetindo a refrão, mas com mesma habilidade do segundo refrão, a banda novamente muda o ritmo no meio do caminho, finalizando com a mesma sensação de sonho do início da canção, talvez representando o ciclo de diversos relacionamentos curtos com prazer e dor, alegria e tristeza.
Ao contrário da maioria do vídeos, que trazem versões mais curtas da música, a versão do vídeo foi editada para ser maior, ultrapassando a marca de seis minutos, contra 5:32 da versão do álbum e 3:45 da versão do single americano. As edições são extremamente sutis e dificilmente percebidas se a diferença de tempo não estivesse presente: o riff de sintetizado na introdução é repetido quatro vezes, contra duas vezes na versão original e a frase “’til the morning after” no refrão final é repetida 12 vezes, contra seis da versão original.
O vídeo, dirigido por Russell Mulcahy, foi filmado em Sri Lanka, quase num esquema dois pelo preço de um, junto com o vídeo de Hungry Like the Wolf. Estes dois vídeos, junto com o de Rio, filmado em um iate no Caribe criou uma imagem exótica e luxuriosa para a banda.
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