Dia 13/07, considerado o Dia Mundial do Rock e uma boa oportunidade para falar de um grande lançamento do metal nacional em 2020.
By Esdras Araújo
Buscando evoluir na missão de divulgar o melhor do rock e buscando garantir a pluralidade de visão estamos estreando um novo colaborador Esdras Araújo.
Lançado em 07/02, o álbum "Quadra", mais recente lançamento do Sepultura, é um disco excepcional. Banda afiadíssima, com riffs certeiros de Andreas Kisser, evidenciando sua inquestionável qualidade, a bateria monstruosa e destruidora de Eloy Casagrande, além de Derrick Green numa grande performance vocal. Pra mim, de longe, é sua melhor performance vocal, sobretudo nos refrãos poderosos.
Desde o álbum Dante XXI (lançado em 2006 e baseado na obra A Divina Comédia do poeta renascentista italiano Dante Alighieri), seguido por A-Lex (lançado em 2009, inspirado no livro A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess), o Sepultura tem trilhado um caminho bastante desafiador de fazer álbuns conceituais. Em "Quadra", a banda segue com o experimentalismo e uso de elementos do rock progressivo, já presentes no disco anterior (Machine Messiah, também produzido por Jens Bogren, na Suécia), mas conseguiram fazer um álbum ainda melhor que o antecessor.
Coeso e pesado, sem receio algum de sair da zona de conforto, a banda arriscou e acertou a mão. São 12 faixas de altíssimo nível. Suas letras evidenciam como questões econômicas, sociais, políticas e religiosas vão dividindo a sociedade. A capa traz uma moeda com a caveira de um imperador, simbolizando a destruição provocada pelo poder.
Teve como um das fontes de inspiração o livro Quadrivium, organizado por John Martineau, que compreende as quatro artes liberais (aritmética, geometria, música e cosmologia), estudadas da Antiguidade até à Renascença como uma maneira de vislumbrar a natureza da realidade, precursoras de todas as ciências físicas.
O disco tem como conceito essa questão do número quatro e de fato pode ser, do ponto de vista instrumental, dividido em quatro atos, com 3 músicas cada. O trash reinando soberano nas faixas 1 a 3. Elementos mais percussivos das faixas 4 a 6 (remetendo à musicalidade dos discos Chaos A.D. e Roots). Experimentalismo e elementos progressivos da faixa 7 a 9, com um instrumental mais complexo e rebuscado, para finalizar com densidade e um som mais cadenciado e sombrio nas faixas 10 a 12.
Merece destaque a participação de Emmily Barreto, vocalista da brasileira Far From Alaska, na faixa "Fear; Pain; Chaos; Suffering", que fecha o disco. "Quadra" é uma obra-prima e prova que o Sepultura está mais vivo do que nunca. Vale muito a pena conferir..
Confira o vídeo de "Means to an End" e assista Sepultura's live Q&A with Danko Jones & Derrick Green (disponível dia 15/07).
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